Sejam bem-vindos se vêm por bem

Sejam bem-vindos todos aqueles que recusam uma sociedade alicerçada no compadrio, no tachismo, nas cunhas e noutras podridões e que desejam outros caminhos

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A um obstrutor da liberdade de expressão


A um obstrutor da liberdade de expressão

            Hoje é dia mundial da liberdade de expressão. Por isso, fiz questão de trazer a lume o caso de um indivíduo, oriundo da gentalha, que tem, nestes últimos meses, sido uma obstrução à minha liberdade de escrita e da palavra.
            É também para mim um dia muito especial porque me trás à memória a lembrança de três dias de cárcere pela temível e torcionária PIDE. Aprisionado por causa da minha ousadia sindical, apenas com 17 anos. Hoje, não posso esquecer um caso mais recente provocado por um actual peseudo-parodiante que teima em calar a minha voz através da difamação e da mentira, estando a cometer o crime de obstruir a minha liberdade de expressão. Trata-se de um falso parodiante, um mísero autor. No fundo é alguém muito parecido com a figueira que dá frutos sem flor e alguns frutos, nascidos nestas condições, tornam-se, por vezes, amargos e intragáveis.
            Neste dia mundial da liberdade de expressão, fica esse pseudo-parodiante,  informado que a minha voz e a minha escrita ninguém as cala. A minha voz e a minha escrita são como a toupeira: surgem aqui, voltam a mergulhar debaixo da terra e surgem de novo mais além. Alega esse falso parodiante ser membro da SPA (Sociedade Portuguesa de Autores). A SPA é uma cooperativa de autores à qual pertenço desde o início dos anos noventa. Sou também ex-membro da SACEM (Société d'Auteurs-Compositeurs et Editeurs de Musique) desde os anos setenta. Ora, a tão nobre e distinta SPA tem nestes últimos tempos sido investida por autores deste calibre animalesco, o que por vezes pode dar azo a equívoco e a que as pessoas jocosamente interpretem as letras SPA como Sociedade Protectora de Animais e não Sociedade Portuguesa de Autores. Pelo meu lado não tenho qualquer equívoco, embora reconhecendo que estes pseudo-autores são indignos de pertencer a tal instituição.
            Dir-lhe-ei a esse autor, de índole duvidosa, que tentar calar a voz de outrem, através do crime da calúnia, da mentira e da difamação, é um acto irreflectido punível por lei e que o tempo, a seu tempo, encarregar-se-á de lhe pedir contas. Simplesmente para que saiba que num estado de direito as ofensas à liberdade de expressão, com recurso à mentira,  não poderão jamais ficar impunes.
Em nome e a bem da liberdade de expressão de todos os oprimidos!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Então e os deputados ficam com o direito a subsídios?

Até quando vai durar esta mascarada? Então estes  senhores criticavam o antigo executivo e respectivos governantes e agora  são protagonistas destes actos que não têm qualificação possível? : a manutenção dos subsídios para os deputados?
Então os sacrifícios são unicamente para os outros, mas não para os políticos? Será que um deputado a ganhar vários milhares de euros por mês precisa que lhes sejam mantidos os subsídios de férias e de Natal, e todos os outros portugueses, trabalhadores por conta de outrem,  pensionistas e  reformados de baixos rendimentos têm que ficar sem eles? Mas que m…da é esta? Estamos a brincar ou quê Sr. Primeiro Ministro?
2 093 650.00€ de subsídios de férias e de Natal, dividido por 230 deputados dá 9102,83 euros a cada um, dividido por dois temos 4 551 euros  por cada subsídio,  aparentemente o que um deputado recebe mensalmente? Será? Se assim é, será que esses senhores necessitam mesmos desses vencimentos para sobreviver?
Não há dúvidas que estamos confrontados a mais um violento ataque das classes dominantes que continuam a surripiar nos bolsos dos indigentes o dinheiro que tanta falta lhes faz para comer, enquanto eles não prescindem de nenhuma mordomia de nenhum privilégio. A indecência atingiu o auge. TENHAM VERGONHA SENHORES DEPUTADOS
Não posso, não resisto, já não aguento! Por conseguinte,  não posso ficar calado! É um sentimento de revolta perante este governantes de meia-tijela. Não posso deixar de relembrar o acto heróico do povo francês que em 1789 invadiu a Bastilha ditando o fim da monarquia para colocar um termo às injustiças atrozes da realeza. Infelizmente estamos hoje perante o mesmo tipo de monarcas.
E nós? Até quando iremos aguentar? Será que este povo pacífico, que sofre de passivismo compulsivo, um dia não lhe vai saltar a tampa e não vai ter vontade de se apoderar da Assembleia de República tal como o povo francês se apoderou da Bastilha em 1789 e entregá-la a verdadeiros representantes do povo?
Amigos, apregoem, divulguem. É  um dever de todos nós denunciarmos estes actos de injustiça barbárie que são repugnantes. NÃO CALARÃO AS NOSSAS VOZES!!!! JAMAIS!!!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Imagine se fosse José Sócrates

QUINTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 2010
por Daniel Oliveira
Imagine que um homem próximo de José Sócrates estava envolvido na gestão criminosa de um banco e que isso custava cinco mil milhões ao Estado. Imagine que um outro homem ainda mais próximo de Sócrates (Armando Vara, por exemplo) também estava envolvido no caso. E que Sócrates, como primeiro-ministro, vinha a publicamente defender a sua permanência num cargo político.


Imagine que se suspeitava que o banco em causa, quase exclusivamente composto por pessoas do círculo político próximo de José Sócrates, tinha contribuído financeiramente para a sua campanha anterior. Imagine que Sócrates e familiares seus tinham comprado acções desse grupo financeiro e vendido a tempo. Imagine que, sabendo-se tudo isto, Sócrates apoiava a nacionalização dos prejuízos deste banco. E imagine que essa nacionalização ajudaria a explicar a situação calamitosa do país.


Imagina o que se escreveria sobre o assunto? A quantidade de vezes que o primeiro-ministro teria de explicar as suas ligações ao banco? Os esclarecimentos que teria de dar? As declarações que teria de fazer ao País? Como tudo seria investigado até ao mais ínfimo pormenor? Como todos os documentos seriam vasculhados? Não foi assim nos casos da licenciatura, das casas projectadas, da Face Oculta, do Freeport, da TVI? E muito bem.


Não se percebe porque é que, num caso muitíssimo mais grave nas suas consequências para o país, parece dispensar-se qualquer tipo de vigilâcia democrática quando a pessoa que está em causa é, em vez do primeiro-ministro, o Presidente da República.

Publicado no Expresso Online

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Os poderes públicos continuam a dilapidar o nosso dinheiro

DGCI gasta 220 mil euros a comemorar aniversário
O organismo responsável pela cobrança de impostos fez gastos elevados na celebração  dos seus 160 anos.
Mais de 220 mil euros foi quanto a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI) gastou nas comemorações dos seus 160 anos. Estas despesas - que datam de Novembro de 2009 - incluem os gastos do jantar pago a todos os directores das Finanças, mas não contemplam as despesas de pernoita de cerca de 900 pessoas que se deslocaram a Lisboa para assistir às comemorações, o que ainda poderá adensar mais o valor.
Confirmados pelo DN estão mais de 220 mil euros, que constam dos contratos no site governamental Base, onde se acumulam despesas públicas avultadas que vão desde jantares a arranjos florais.
Após ter sido ontem divulgado o valor de um jantar da ANACOM no valor de 150 mil euros a propósito do 20.º aniversário, agora são os contratos da DGCI (entidade que cobra os impostos, tutelada pelo Ministério das Finanças) a mostrar que este organismo foi ainda mais dispendioso nas comemorações dos seus 160 anos.
Nestes 220 mil euros estão incluídos os gastos de um luxuoso jantar, no valor de 73 mil euros, no qual foram solicitados os serviços da Casa do Marquês. A conferência realizada pela DGCI, no âmbito destas comemorações, também não ficou barata aos bolsos dos contribuintes: custou 47 mil euros, o que inclui o aluguer do Pavilhão Atlântico.
Foram também pagos 38 500 euros à empresa Springbreak, Lda (cujo registo não consta do portal do Ministério da Justiça) por "serviços prestados no evento". Naquela que foi mesmo uma mega-comemoração houve ainda 25 mil euros direccionados para o aluguer de equipamento audiovisual e ainda 7500 euros para que fosse criado um vídeo comemorativo.
Quem tem vindo a alertar para estes gastos é o blogue de Fernando Fonseca, que já ontem havia denunciado os gastos de 150 mil euros no polémico jantar da ANACOM. O blogger, que se tem dedicado a analisar as contratações públicas referenciadas no Base, acredita que "as comemorações da DGCI tenham chegado aos 400 mil euros, pois aos gastos já conhecidos ainda terão sido acrescentadas despesas de deslocação de 900 chefes das Finanças para as comemorações".
A denúncia do blogger levou o vice- -presidente da bancada do PSD, Luís Menezes, a dirigir ontem uma pergunta formal ao Governo. Os gastos do jantar que comemorou os 20 anos da ANACOM foram classificados por Menezes de "obscenos", tendo por isso o deputado questionado o primeiro-ministro sobre se "tinha conhecimento destas despesas".
O social-democrata desafiou ainda José Sócrates a dizer "que tipo de medidas pretende tomar para acabar com este género de gastos em empresas ou institutos públicos".
Os gastos elevados - em tempos de crise - são transversais a vários organismos públicos e a distintas áreas (ver caixa ao lado). Exemplo disso é um jantar realizado em Março do ano passado "no âmbito da 53.ª Bienal de Artes Visuais de Veneza", onde a Direcção--Geral das Artes gastou 13 500 euros. Isto porque a refeição ficou a cargo da cozinha do luxuoso Hotel Bauer.
Já em 2010, José Sócrates se manteve fiel à empresa "Nada Mais Nada Menos" no que diz respeito à aquisição e manutenção de arranjos florais, estabelecendo um contrato de três anos no valor de 63 mil euros. Ontem também vieram a público os 1,5 milhões de euros, pagos pelo Tu- rismo dos Açores à sociedade New Seven Wonders, para que fosse organizada a cerimónia das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Os gastos começam já a motivar fortes protestos da oposição.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ai, ai, ai, o que eles andam a fazer com o nosso dinheiro...

Mandam-nos apertar o cinto, vão-nos ao bolso para bem do país e se for verdade esbanjam desta forma, fora o resto.... isto é o cá cá


Apetece-me dizer um daqueles palavrões... Posso?

AQUI VOS DEIXO ALGUNS EXEMPLOS DE DÚVIDAS QUE O TRIBUNAL DE CONTAS ENCONTROU NAS DESPESAS PÚBLICAS...

POR FAVOR, NÃO DEIXEM DE LER!!!

1. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO ALENTEJO, I. P.

- Aquisição de 1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€

Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€.

Alguém me elucida sobre esta questão?

2. MATOSINHOS HABIT - MH

- Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €

Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que uma casa?

3. UNIVERSIDADE DO ALGARVE - ESC. SUP. TECNOLOGIA - PROJECTO TEMPUS

- Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoa no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €

Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em classe executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???

4. MUNICÍPIO DE LAGOA

- 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de águas: 106.596,00 €

Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!!

5. MUNICÍPIO DE ÍLHAVO

- Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores ópticos: 380.666,00 €

Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada....Já para não falar nos restantes acessórios.

6. MUNICÍPIO DE LAGOA

- Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€

Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.

7. CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

- VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €

Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????

8. MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA

- AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €

Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante...

9. CÂMARA MUNICIPAL DE SINES

- Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €

É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault e muito mais que uma boa casa... E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra...

10. MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA

- AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €

E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. Upsss, outra vez o município de Vale de Cambra...

11. MUNICÍPIO DE BEJA

- Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multifuncional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €

Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por porcarias como esta? NOTA DA NANDA: Será para fazer moeda falsa?

COMO É POSSÍVEL NÃO ESTARMOS EM CRISE?
COMO DIZ SÓCRATES, É DIFÍCIL CORTAR NAS DESPESAS PÚBLICAS...
NOTA-SE...
ACABÁMOS DE VER ALGUNS EXEMPLOS...

Fonte: Farpas da Actualidade no Facebook

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os Cinco Cavacos


por 
Daniel Oliveira
Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.
O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.
O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.
O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.
O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.
Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.
E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.
Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.
Publicado no Expresso Online

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O senhor gastador

Decididamente já não posso. Estou atónito, preocupado, aterrorizado pelo que leio. Comprei a Sábado. Estou-me nas tintas para o editor, seja ele de esquerda, de direita, do centro ou seja lá de onde for. Mas, desta vez, comprei-a. Parece que o nosso primeiro vai gastar mais de 4,1 milhões de euros num ano. Não, não é possível. Em tempos de crise? Mas este senhor não anda a brincar connosco?
Mas, permitam-me a inserção desta pequena história: certo dia no Alentejo, uma amigo perguntava à avó da esposa se ela sabia qual era a profissão dele e a resposta da velha octogenária não se fez esperar: - gastador, a tua profissão é gastador.
Ora aí está, o nosso primeiro tem como profissão gastador. 
  • Parece que em assessores, secretárias e outros colaboradores -ó senhor primeiro não há para aí um tachito para mim na colaboração- gasta 2,67 milhões de euros.
  • Vinte motoristas nomeados nos últimos 12 meses para servirem em exclusivo o seu gabinete, é obra. Já agora aproveito: -um tachito de motorista também me serve.
  • 448 carros para serviço exclusivo da Presidência do Conselho de  Ministros, um dos últimos um Mercedes S 450 blindado, valor 134 mil euros, para transportar o fugitivo em tempos e pacato agora Durão Barroso durante a cimeira  da(s) Nato(as).
  • 139468 euros de gastos de telemóveis.
  • etc., etc…

Depois fico a saber que neste país, onde se ganha menos que em Espanha, o nosso primeiro tem despesas de representação que o primeiro deles não tem, mais 17 000€ por ano.
O tão propagado modelo nórdico que o nosso primeiro tanto falou, no inicio dos seus mandatos, onde está? Numa recente reportagem, que visionei num canal de TV estrangeiro, fiquei a saber que o ministro da justiça na Noruega se desloca em autocarro para ir de sua casa para o seu gabinete, e vice-versa. Que quando convida pessoas tem 25€ por pessoa e se custar mais paga do seu bolso. Claro, estes exemplos de sobriedade não servem para este país latino, cheio de riquezas naturais. Por conseguinte, estamos a léguas de adoptarmos o modelo nórdico
Também fiquei a saber, há três anos atrás, que no mesmo país apenas 30% dos homens do governo são licenciados ou doutorados, o que não deixa de ser um paradoxo, quando sabemos que é um dos países mais bem geridos do mundo.
Desculpem, mas já não tenho paciência para continuar. O melhor é comprarem a revista "Sábado" e vejam lá todas as mordomias e os luxos extravagantes do senhor gastador.